Bem Vindo

Bem vindo a este blogue sobre a interacção das motos com a minha vida.

Após anos de participação em Sites e Foruns de Motos e Motociclistas, fiquei farto.

Decidi assim criar este blogue, que é como quem fala consigo mesmo mas deixa que outros o oiçam.


sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Rumo ao Cabo Bojador - Parte IV


Ao olharmos esta recta sem fim tomamos consciência do que ainda temos que passar. E o vento continua a não perdoar, e sopra forte.Muito forte.

O nosso destino é a cidade de Tan Tan.



Para quebrar a monotonia da estrada sem fim, frequentemente tomamos pistas que a ladeiam e que pelo menos não nos deixam adormecer.



Ao longe o Oceano Atlântico acompanha-nos no caminho


e de repente algo nos chama à realidade e nos recorda onde estamos e o que ainda temos pela frente. Faltam 305 quilómetros para o nosso destino de hoje.




Saímos da estrada e vamos pela praia. Testemunhos ferrugentos de tragédias passadas jazem na rebentação semi enterradas na areia.


São horas de almoçar e decidimos parar neste pequeno "café" à beira da estrada cujo dono imediatamente se prontificou a fazer qualquer coisa para comermos.


Aqui não se pergunta o que se quer comer. Come-se o que nos puserem à frente e eis que aí vêm uma tajines de Corvina. Estavam muito boas e o pão era de comer e chorar por mais. Aliás, uma das coisas excelentes que encontrei em todo o lado por Marrocos foi o pão.

Esta costa é habitada por pescadores que vivem em pequenas cabanas ao longo da costa e que se dedicam à pesca das Corvina com longas canas de bambu e carretos do tempo da guerra. De manhã cedo vêm para a berma da estrada com o resultado da sua pesca nocturna e aguardam a passagem dos Land Rovers dos comerciantes que lhes pesam e compram o peixe,e lhes vendem os bens alimentares de que necessitam. É pura sobrevivência.



Estômago atestado e são horas de partir de novo.




A partir daqui é sempre a andar ate finalmente chegarmos a Tan Tan e às portas do sul. Encontrar o Hotel Les Sables D'Or foi fácil com a ajuda de um automobilista que simpaticamente nos guiou até às portas do sul .




Bom hotel relativamente ao que já nos íamos habituando. Para os padrões europeus seria uma Residencial mas pelo menos era impecavelmente limpo, não havia sinais de baratas, a água corria quente e com força e foi o primeiro verdadeiro banho dos últimos 3 dias. Jantámos muito bem no restaurante do hotel e dormimos igualmente bem...e muito.

Dia 6


Não nos levantamos cedo porque daqui para cima é puro turismo. Queremos visitar Agadir, Essauira e Safi antes de nos dirigirmos a Tânger para apanhar o barco de regresso.

Partimos pelas 10.00 pela N1 em direcção a Goulimine, onde voltaríamos á costa em Sidi Ifni. As portas da cidade, não tão imponentes como outras já vistas, são no entanto bastante bonitas e elaboradas.


Tinha lido algures, creio que numa revista especializada em todo o terreno, que em Sidi Ifni se comiam os melhores "mil folhas" do Mundo. Como guloso profissional que sou, não podia perder a ocasião e lá procurei a Patisserie Avenida.



Não vos digo quantos comi porque até tenho vergonha, mas comprovei que era verdade o que se dizia. Fabulosos. Se um dia passarem por aqui não percam a oportunidade de os provar acompanhados com sumos naturais feitos ao momento. Gula satisfeita deixamos Sidi Ini com um úçtimo olhar do alto das colinas


Disseram-me ser esta costa de uma beleza incomparável. E tinham razão. Praias enormes de beleza selvagem mar impetuoso que fustiga constantemente os rochedos vermelhos e nele esculpindo imagens de rara e grandiosa beleza. Enche os olhos e o espírito e não nos apetece partir de tão belos lugares. A norte de Sidi Ifni, a zona de Legzira deixa-nos boquiabertos.






É um pouco contra nossa vontade que partimos, mas partimos inebriados pela beleza e grandiosidade do que acabáramos de contemplar. Quem por se aqui um dia dia passar não perca a oportunidade de visitar este local fantástico.


Seguindo pela costa em direcção a Norte, magnificas paisagens continuam a desfilar perante os nossos olhos, e um casal de Ingleses com uma BMW K1200LT aproveitando as delicias de uma pequena praia, provam que não é fundamental uma moto de Trail para se percorrerem estes magníficos locais.


Pelo caminho vamos apreciando algumas obras magnificas como esta Mesquita que não soube o nome.



Voltamos para o interior e para o deserto, e é aqui que apanhamos o primeiro susto. O motor de Africa Twin do Ricardo de repente deixa de cantar ao subirmos uma serra.



Fumamos uns cigarros enquanto deixamos o motor arrefecer um pouco, tiram-se as velas e limpam-se bem e aí está ela a trabalhar de novo Trabalhar é favor, roncar é melhor porque este escape livre não deixa ninguém tranquilo. é por isso que quando não estou a a filmar, o Ricardo segue na cauda da caravana. Continuamos para norte e as belas paisagens e locais continuam a encantar-nos. é espantosa a facilidade com que passamos de verdes e luxuriantes paisagens para a solidão e aridez do deserto.



Uma volta rápida por Tiznit que não tem muito que ver, e um almoço num restaurante local retemperam-nos as forças para continuar caminho.


A caminho do destino de hoje e pelas estradas do interior porque na vinda já tínhamos percorrido esta costa, chegamos a Agadir ao final do dia. Agadir é uma cidade nova, construída de raiz ao lado da antiga cidade completamente destruída por um tremor de terra, e é uma cidade moderna e cosmopolita onde a vida e o turismo fervilham.

Chegamos a Agadir ao fim da tarde mas ainda com bastante luz para tirar uma fotos e apreciar a parte litoral da cidade




O Hotel Ibis estava com lotação esgotada mas em aqui o que não falta é oferta hoteleira, e do outro lado da rua um pouco mais abaixo o Hotel Marjane resolveu o nosso problema. Em boa hora porque apresenta uma qualidade muito superior ao Ibis por um preço substancialmente inferior.

De novo o ritual, que agora já não custa pois tornou-se hábito, de retirar a tralha das motos




tomar um belo banho quente e tirar umas fotos da varanda do quarto enquanto se fazia horas para o jantar.




Passeando pela cidade ao por-do-sol tem-se oportunidade para captar algumas imagens de rara beleza





Jantámos na esplanada daquilo que em bom português se chama uma "cervejaria", uns belos bifes com batatas fritas acompanhados de umas canecas de cerveja bem geladinha. Passeámos pela marginal carregada de turistas europeus e regressámos ao hotel. Depois do telefonema para a família a excelente cama teve as honras devidas.




Fim da Quarta Parte




3 comentários:

Momento de Celine disse...

Peço desculpas antecipadamente pela pequena invasão!
Mas diante do que vi aqui, não teria como não fazê-lo!!
A palavra FANTÁSTICA seria pouco para qualificar essa viagem!
Parabéns! Belíssima!

luisvic disse...

Obrigado Celine.

Nuno João Ribeiro disse...

Boas

Meu caro Luis.

Isso é que foi curtir uma viagem pelas terras dos nossos irmãos Muçulmanos.
Gostei muito de ler o relato da viagem e das paisagens que partilhaste. Muito inspirador. Talvez um dia me dê na bolha e leva a XT600 a essas bandas. Pode ser que se aguente, senão fico lá á pesca das corvinas por uns meses a troco de comida ;) .
Essa tua montada é só um miminho para essas pistas.
O deserto é muito misterioso e rapidamente nos pôe no nosso lugar, vasto e silencioso com um encanto só visto.
Parabéns pela aventura.
Aguardo novos episódios.

ABraço
Nuno Ribeiro