Bem Vindo

Bem vindo a este blogue sobre a interacção das motos com a minha vida.

Após anos de participação em Sites e Foruns de Motos e Motociclistas, fiquei farto.

Decidi assim criar este blogue, que é como quem fala consigo mesmo mas deixa que outros o oiçam.


quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

SW Alentejano e Costa Vicentina - Parte I

Há sempre locais maravilhosos que nos motivam a carregar a mota e partir por aí. O Sudoeste Alentejano e a Costa Vicentina são um desses locais.A partir de Sines começa o que vale a pena ainda ver, fugindo de pequenas vilas que no Verão se transformam em grandes urbes.




Continuando para Sul aparecem as praias desertas ou quase, com caminhos pouco acessiveis a veiculos normais, porque mesmo as estradas de terra estão cheias de areia fina e mole que transforma a condução numa dança.


Mas vale a pena correr o risco, e muitas vezes deve-se fazer um reconhecimento prévio a pé, não vamos cair nalguma situação irreversivel.É que há por aqui locais onde se nos virmos aflitos para mover a moto à mão, podem levar horas até aparecer alguém que dê uma ajuda......ou até não aparecer ninguém.








O Cabo Sardão é um dos locais a que não resisto em passar sempre, e perder 1 hora a comtemplar a imponência daquelas falésias e a imensidão do mar.



Para quem não conhece, chegando ao farol se entrar na estrada de terra à esquerda e contornar o edificio, pode estacionar a moto no lado Sul (bom acesso), ou levá-la até à borda das falésias (mais dificil).



Muitas vezes somos brindados com algum espectáculo de acrobacia aérea que os donos das falésias prepararam para nós.Vá lá que vale a pena.



Meta-se de novo ao caminho em direcção á Zambujeira do Mar e como já são horas de almoço, páre na Barca Tranquitanas ou no Sacas (recomendo o primeiro).Já comeu umas postas de Moreia fritas? uma Feijoada de Búzios? Desafi-o a provar. Se não se quer deixar tentar, tem de tudo o que o mar dá.Recomendo no entanto um Sargo grelhado. Não há Sargos como os desta costa. Alimentam-se quase que exclusivamente de "perceves".



Quando terminar o almoço, dê a pé uma voltinha, contornando o Posto de Controlo de Tráfego Maritimo, vá até às falésias e adivinhe a Sul meio escondido na neblina o Cabo de S. Vicente guardado pelo eterno Gigante, e as imponentes falésias a Norte.


Descanse um pouco numa qualquer sombra (são raras) e meta-se de novo ao caminho em direcção a Sul. Visite a Zambujeira do Mar se não conhece, eu dispenso, e apanhe a estrada para Aljezur.

Visite a praia de Odeceixe, entre em Odeceixe e suba, suba, suba sempre até encontar lá bem no alto uma minúscula placa que diz Lagos.Entre numa estrada alcatroada com 2 metros de largura (um carro e uma moto têm muita dificuldade em passar lado a lado), passe por locais perdidos como A Baía dos Tiros e Monte Novo e volte a apanhar o IC 4 em Maria Vinagre.



Perca-se nas praias da Samouqueira, Carriagem, Amoreira, mas não dispense uma visita à praia de Monte Clérigo.



A inocência da Natureza poderá brindá-lo com um espectáculo da procriação dos pardais numa antena de TV. Surreal.


Durma em qualquer das dezenas de Turismos Rurais por ali existentes e no dia seguinte se o tempo não o atraiçoar com uma enorme chuvada, continue para Sul. É o que tenciono fazer um dia destes porque o melhor está ainda a Sul.
Aproveitem e façam boa viagem

domingo, 20 de janeiro de 2008

Rumo ao Cabo Bojador - Parte V


Dia 7




Partimos de Agadir depois de um excelente pequeno almoço na esplanada do Hotel Marjane.






A nossa rota hoje vai levar-nos por uma zona de grande beleza e sempre junto à costa até El Jadida e passando por Anza, Tamri, Zaora Tilet, Dour Cheikh Taguent, Sidi Kaouki, Essauira, Zaouiat El Kourati, Safi, Beddouza e Oualidia.Várias referências de viajantes e simples turistas apontam esta faixa da costa como uma das mais belas de Marrocos.

Subimos a serra de Agadir e aproveitámos para um último vislumbre a esta magnifica cidade. O dia tinha acordado cinzento.




Esta estrada serpenteia pela falda da serra, acompanhando sempre o mar e nunca se afastando muito da linha da costa. Vamos parando para descansar e apreciar a paisagem.


a pequena praia de Tigher Tretour


e a magnifica estância balnear de Plage Tikida


No Miradouro de Cap Ghir, apreciamos outros que se divertem também a fazer aquilo que gostam. Uns surfam nas ondas do Atlântico,

outros dedicam-se à escalada e ao alpinismo,



outros ainda limitam-se a preguiçar á sombra da árvores



Passamos e admiramos a beleza de Imsouanne

e os campos floridos de Zaouia Tilet,



espreitamos a costa e a praia de Tafadna e


paramos algures para beber um daqueles óptimos sumos de laranja naturais e regatear preços com um qualquer comerciante local. É uma arte esta história de regatear preços. Começam a pedir 200 e acabam por vender por 20. Até ficam zangados se não se regateiam os preços.





e chegamos á fabulosa praia de Sidi Kaouki e á famosa "Maison du Marabu" onde paramos um pouco para apreciar esta desconcertante casa digna de figurar em qualquer filme de Hollywood.


Chegamos a Essauira, paragem já programada para almoçar. Paramos á entrada da cidade para contemplar a praia magnifica, encontramos dois companheiros motociclistas Ingleses, que tendo-se despedido dos empregos!!!!!!!!!! andavam a dar um passeio de seis meses!!!!!!!! pelos países do Magreb. Ele ainda há boas vidas.


Estávamos cansados, sedentos, imundos do pó dos caminhos, o final da nossa aventura aproximava-se e decidimos fazer uma "extravaganza". Escolhemos o melhor e mais caro restaurante da zona da praia, o Côté Plage, parque de estacionamento privado com guarda fardado, garçons de fatos escuros impecavelmente vincados (seriam Armani???) empregadas de vestidos tradicionais marroquinos imaculadamente brancos cujos véus executavam longas danças ao sabor da brisa. Que luxo. Pedimos uma mesa na esplanada ao que fomos de imediato atendidos, e apesar do nosso aspecto imundo e miserável fomos tratados e atendidos que nem príncipes da Arábias. Haja Euros.



Retomando o caminho para Norte admiramos a Mesquita de Moulai Bouzerktoun



e chegamos a Safi onde damos uma vista de olhos rápida pela cidade e pela praia.


Esta costa selvagem continua a presentear-nos com imagens de rara beleza e grandiosidade


quer naturais quer edificadas pelo homem como o espectacular Farol de Bedouzza



e de onde sobressai a fantástica Oualidia, local de sonho que parece ter saído directamente do pincel de qualquer fabuloso artista.

Entramos em Al Jadida o nosso destino de hoje. Esta cidade está intimamente ligada com a nossa história de Portugal, pois foi construída por portugueses que ocuparam este território e aqui deixaram marcas inapagaveis da sua estadia.


A Cidadela Portuguesa escondida pelas suas imponentes muralhas, e construída para defender as rotas mercantis da época,



A famosa Cisterna Portuguesa impecavelmente preservada e visitada quer pelos locais quer por milhares de turistas, e que é uma obra de beleza incomparável digna de um glorioso povo, que já fomos. Resta-nos as obras e memórias dos nossos antepassados mais que não seja para nos envergonharem hoje.



O imponente Farol de Al Jadida guarda a cidade e mantém o tráfego marítimo desta costa na boa e segura rota.


As Africa Twin e a Super Tenere requerem sempre alguns cuidados especiais de reapertos e lubrificações e é altura de os fazer antes de chegar ao Hotel.




O Hotel Ibis Al Jadida proporciona-nos as acomodações que procuramos. Bem limpo e cuidado, segue o padrão internacional desta cadeia, com toques adaptados à realidade local.




Jantamos no Hotel e entretemos-nos um pouco no Bar a beber uns copos antes de estendermos os esqueletos para descansar. Um telefonema para descansar a família e matar as saudades e termina mais um dia desta nossa viagem.



Dia 8



Acordamos e deitamos uma vista de olhos pela janela à praia e às nossos motos que permanecem em sossego total.



Tomamos o pequeno almoço e preparamos tudo para a última etapa em Marrocos. As máquinas dos meus companheiros precisam sempre de cuidados especiais e....................até já sobram algumas peças.


A GS aguarda pacientemente que as "madames" acabem de se compor. Já lá vão mais de 3.000 km e nem óleo gastou. Realmente esta moto foi feita para correr mundo sem problemas.



Partimos e ao fim de poucos quilómetros entramos na auto estrada que nos leva a Tânger. Agora é rolar calmamente. A nossa ideia é chegar a Tânger, fazer uma visita á cidade, dormir novamente no Ibis e apanhar amanhã o primeiro barco para Tarifa que parte às 7.00 am.

Nós pomos e o destino dispõe. Nem sempre o que se planeia acontece. Há que contar com os imponderáveis.

Ao fim de algum tempo de percurso, o Toze começa a atrasar-se. Reduzimos a velocidade. Ele encosta-se a nós, mas ao fim de uns minutos acontece o mesmo. Paramos. O motor da Super Tenere não desenvolve. Ele acelera e o motor morre e não passa dos 40/50 km/h. Que fazer? Saímos da auta estrada logo que nos foi possivel, e num posto de abastecimento de combustivel parámos.



Telefonemas para Lisboa para o mecânico, é disto, é daquilo, vai gripar, chama o reboque.

O Toze deu-lhe uma fúria e desata a desmontar a moto com a ajuda efectiva do Ricardo e do Rogério, enquanto eu registava o momento para a posteridade. Mecãnica não é mesmo o meu forte.


Desmonta carnagens, desmonta radiadores, desmonta e sopra filtros, mexe e rmexe no carburador, monta tudo de novo, sua-se as estopinhas para montar de novo as acarenagens por causa dos ferros de protecção. Saíram mas não querem entrar. Ao fim de muito suor lá entram sem partir.


Ao fim de mais de 3 horas, dá-se à chave e aí está o motor a cantar. Mas faz uma fumarada digna da chaminé de uma cimenteira.



- Ai que vai gripar, pára isso depressa.
- Não gripa nada, é óleo a queimar.
- Faz barulhos?
- Não, não faz barulhos nenhuns.
- Então vamos embora que já é tarde.


Uma fotografia rápida a um talho ao ar livre em que a maior parte dos consumidores são as moscas, e partimos antes que o dono do talho que gesticulava frenéticamente e berrava atrás do balcão "pas des photos, pas des photos", nos pregasse alguma cacetada.



Este atraso fez-nos alterar os planos da viagem. Já não havia hipótese de chegar cedo a Tânger para visitar a cidade pelo que decidimos partir ainda neste dia para Tarifa e dormir lá.

A auto estrada não tem história e chegamos a Tânger perto do final do dia. As burocracias de partida são incomensurávelmente menores que as de chegada e ao pôr do sol estávamos no ferry a caminho de Tarifa, de Espanha, da Europa.

Despedimo-nos de Marrocos e África ao mesmo tempo que também o Sol se despedia. Ele voltaria na manhã seguinte, nós talvez um dia.

Os procedimentos fronteiriços e alfandegários aqui são morosos e minuciosos, formando-se uma longa fila para sair do porto. Quando chegou a nossa vez, entregamos os passaportes de pronto nos mandam passar.



Em Tarifa jantámos numa esplanada da praça junto ao porto e aí descobrimos um quarto ou melhor, uma camarata para os quatro passarmos a noite.

Dia 9


Partimos bem cedo para a última etapa que nos levaria de regresso a casa. Estávamos cansados mas satisfeitos pela aventura realizada.


Mais uma vez não tomámos o caminho de Rosal de La Frontera e desta vez porque o nosso bom amigo Toze Costa, companheiro sempre presente em tantos passeios e viagens já realizados e que tinha acompanhado e relatado aos amigos de cá a progressão da nossa viagem, nos aguardava com uma surpresa.

E antes do almoço lá chegámos á fronteira com Portugal. É bom sair, partir, mas também é bom regressar e a vista da nossa bandeira pelo menos a mim sempre me emociona um pouco. É pena que práticamente ninguém já lhe ligue nenhuma. São os novos valores, ou melhor, a ausência de valores.



A surpresa foi a oferta de um magnifico almoço, uma sardinhada à maneira, no restaurante do Clube Naval de Olhão. Gesto e atenção que sempre recordarei deste amigo sempre presente e pronto para ajudar.


Sem quase darmos por isso estávamos de novo no local de partida, a área de Serviço de Palmela onde depois da fota de despedida tirada por uma simpática automobilista, dos abraços e agradecimentos mútuos, cada um seguiu o seu caminho em direcção a casa.




Parado à porta de casa o GPS fez-me um resumo rápido dos últimos 9 dias.






Somando-lhe os 30 km que lá faltam entre Queijas e Palmela, totalizei 4.830 km, o que dá uma média de 537 km por dia. Não sendo em termos absolutos nada de especial, mas tendo em consideração as pistas e más estradas por onde andámos, é uma média de respeito.
Filme



Considerações finais




  1. A BMW R1150GS portou-se impecávelmente, não tendo tido uma única avaria que fosse.

  2. O GPS Garmim 278 foi fundamental no seguimento das rotas programadas em casa com o Map Source. A possibilidade de navegação por ponteiro fez a diferença mesmo quando a pista na areia não era visisvel

  3. A programação que efectuei em casa com a ajuda do PC e do Map Source e depois transporta para o GPS foi uma ajuda indispensável.

  4. O bom ambiente e companheirismos entre os participantes foi decisivo para o puro divertimento que se viveu.

Agradecimentos





Pela simpatia e profissionalismo de toda a equipa, pela excelente preparação e revisão da mota e minuciosa e impecável montagem de todos os acessórios.